Nuno Pedro David, diretor de marketing da Mongeral Aegon, afirma que o aumento da longevidade e novas tecnologias estão no radar das empresas.
Como uma maior longevidade da população brasileira deverá influenciar o seguro de vida no país?
A longevidade é um tema transversal a toda sociedade, independentemente da idade dos indivíduos, e a todos os mercados. É um fato que estamos vivendo cada vez mais. Nos últimos 35 anos, a esperança de vida ao nascer aumentou 12,8 anos, chegando a 75,4 anos em 2015. A longevidade não é uma questão de futuro, e sim de presente. O mercado de seguro de pessoas no Brasil já está sendo muito impactado pela longevidade. As seguradoras têm o desafio atual de desenvolver soluções compatíveis com esta realidade. Outra questão do setor é desenvolver instrumentos para fazer uma precificação cada vez mais compatível com as novas realidades do conhecimento que começam a chegar à vida cotidiana.
Que mudanças o desenvolvimento tecnológico deverá proporcionar a esse segmento?
Certamente as inovações tecnológicas vão impactar fortemente o segmento de seguro de vida. Na Mongeral Aegon já estamos com uma série de frentes. Uma delas é o Insurtech Innovation Program, em parceria com a PUC-Rio e com o IRB Brasil RE, na qual mais de 20 pessoas trabalham com um único objetivo: desenvolver soluções práticas que resolvam problemas de algumas empresas ao mesmo tempo em que aprendem. Estamos também realizando testes avançados com machine learning para o processamento do pagamento de benefícios. Isto nos permite reduzir ainda mais o seu tempo de pagamento para segurados e beneficiários.
Estamos também estudando a crescente evolução da medicina genética e como ela poderá impactar o dia a dia das seguradoras. Este ramo da medicina está contribuindo cada vez mais para o diagnóstico e tratamento precoce de doenças, o que trará enormes oportunidades e desafios para a nossa indústria.
Qual é o potencial desse mercado específico para o médio e curto prazos?
O segmento de seguro de vida no Brasil tem oportunidades pela frente. Posso elencar três questões. A primeira delas é a longevidade. As pessoas estão vivendo mais e precisam se preparar financeiramente para esta realidade.
A segunda razão pela qual entendo que o potencial deste mercado é elevado diz respeito ao mercado. Estima-se que apenas 4% dos lares brasileiros tenham seguro de vida. Quando olhamos para países desenvolvidos, como os Estados Unidos, este número salta para algo em torno de 70%.
Um terceiro ponto é relacionado à cultura. A crise econômica e a proposta de reforma da previdência pública mostraram ao brasileiro a necessidade que cada indivíduo tem de assumir as rédeas do próprio futuro financeiro. Quando observamos esta questão, percebemos que ela não se limita à aposentadoria ou previdência, e sim ao conceito amplo de ser previdente. Isto quer dizer que é necessário pensar em soluções para todas as fases e necessidades de proteção ao longo da vida. Neste ponto, o mercado de seguro de pessoas tem papel fundamental.
Quais são os desafios que esse segmento enfrentará nos próximos anos?
Dentre os desafios que enxergo para o segmento destaco o desenvolvimento de produtos e soluções cada vez mais modernas e adequadas às necessidades da população brasileira. Neste âmbito, é importante o diálogo cada vez mais próximo de todas as seguradoras com a SUSEP, com o objetivo de desenvolver inovações para este mercado. Outro ponto é que os produtos acompanhem não apenas a longevidade, mas a volatilidade econômica comum no mercado brasileiro. O que não faltam são desafios e oportunidades.
Moto é o veículo que mais mata no trânsito e o que mais gera indenizações
A Folha de S.Paulo destaca que a moto é o veículo que mais mata no Brasil. Das 37,3 mil mortes que ocorreram no trânsito no país em 2016, as motocicletas foram responsáveis por 12,1 mil, o que representa 32%, de acordo com as informações mais recentes do Observatório Nacional de Segurança Viária. Os automóveis vêm em segundo lugar, com 24% das vítimas. E em 21% dos casos de morte no trânsito não há registro oficial sobre o meio de locomoção da vítima.
Apesar de serem causadoras de tantas fatalidades, as motos são apenas 27% do total da frota de veículos do país (97 milhões), segundo dados de 2017 do Denatran (Departamento Nacional de Trânsito).
E mesmo sendo apenas um terço da frota, no ano passado, as motocicletas foram responsáveis por 74% de todas as indenizações do DPVAT (Seguro de Danos Pessoais Causados por Veículos Automotores de Via Terrestre).
“No mundo todo, independentemente de quem seja o condutor, o risco de acidente grave com motocicleta é cinco a dez vezes maior do que com um veículo de quatro rodas”, diz Horácio Augusto Figueira, especialista em transportes e segurança do trânsito.
Fonte:CQCS