Em artigo na Folha de S.Paulo, Reinaldo Scheibe, presidente da Abramge, diz que a primeira coisa que precisa ficar absolutamente clara em relação à Resolução Normativa nº 433 da ANS é que ela simplesmente normatiza dois mecanismos já amplamente utilizados no mundo: a franquia e a coparticipação nos planos e seguros de saúde.
“Apesar de burocrática, a norma dá mais segurança e previsibilidade aos consumidores, que passam a ter controle e acesso sobre a utilização de seus planos. Além de regulamentar mecanismos já existentes, isenta o cliente de cobrança de mais de 250 procedimentos e eventos em saúde, como consultas com médico generalista e tratamentos de doenças crônicas —sobre o que hoje incide coparticipação”, explica.
“Mas o que os órgãos pró-consumidor têm feito é prestar um desserviço ao falar que as regras trarão somente aumento nos custos. Na verdade, os valores deverão cair. Inclusive estudos internacionais apontam que os planos de saúde com esses modelos têm uma redução entre 30% e 40% no preço final”, analisa.
“Tais modelos ajudam a criar consciência no cidadão, que passa a ser o protagonista da gestão de sua própria saúde e se torna fiscal dos serviços prestados. A ideia, portanto, não é restringir o acesso à saúde, mas sim ampliar, à medida que se combatem custos desnecessários, más práticas e fraudes. Certamente, isso trará resultados positivos também ao empresário, que não tinha condições de ofertar plano de saúde a seus funcionários e agora terá novas opções, que talvez se encaixem em seu poder aquisitivo”, finaliza.
A nova regulamentação de coparticipação e franquia dos planos de saúde é correta? Não
Por outro lado, Marilena Lazzarini, presidente do Conselho Diretor do Idec, escreve na Folha de S.Paulo que “em cumplicidade com as empresas de planos de saúde, a ANS, ao autorizar elevados valores de franquia e coparticipação, respondeu com escárnio às imensas dificuldades que cidadãos e empregadores enfrentam hoje para pagar altas mensalidades, abusivamente reajustadas.
“Em tempos de desespero de quem perdeu o plano junto com o emprego ou para quem as mensalidades cheias não cabem mais no bolso, a compra de planos aparentemente mais baratos, mas que escondem pagamentos extras exorbitantes, é uma violência contra o lado mais fraco. Quem ficar doente vai pagar mais justamente no momento de maior vulnerabilidade e com grande risco de endividamento”, opina.
“A ANS inverteu o sentido de contratar um plano de saúde, que é o de assegurar tranquilidade financeira na imprevisível hora do adoecimento. O consumidor doente será surpreendido por cobranças extras que poderão mais que dobrar o valor que ele já paga por mês. O adiamento de tratamentos com piora do estado de saúde, a corrida ao Judiciário, a busca pelo atendimento no SUS e o endividamentos são alguns dos desfechos esperados”, conclui.
Gestão precisa ser considerada nos planos de saúde
Editorial do Globo comenta que um aspecto central na grave questão da saúde, como em qualquer país, é a necessidade de se buscarem consensos com base em dados objetivos e transparentes. “Não se irá a lugar algum na radicalização do conflito entre o “partido do SUS” e o bloco da “medicina privada”. Afinal, nem o SUS conseguirá alcançar a meta constitucional do “atendimento universal” de boa qualidade, por impossibilidades fiscais e barreiras administrativas, nem o atendimento privado conseguirá desenvolver planos de baixo custo e alto atendimento”, avalia.
“É preciso quebrar o círculo vicioso. Deve haver vários caminhos. Um deles pode ser o da gestão, para, a partir do conhecimento do que acontece nos atendimentos, de emergência ou não — e informações não devem faltar — estabelecer protocolos de prevenção de doenças, por exemplo, que façam cair custos”, sugere.
“Como em outras situações, não existe “bala de prata”, uma medida, uma política salvadora. Existe é a necessidade de múltiplas ações localizadas de racionalização para que o preço pago pela clientela dos planos caiba em seu orçamento”, finaliza.
É possível viver 200 anos?
O colunista Fernando Reinach, do Estadão, revela que cientistas descobriram que a partir dos 90 anos a taxa de mortalidade deixa de crescer exponencialmente. “Primeiro passa a crescer linearmente até os 100 anos e tudo indica que se estabiliza em 50% a partir dessa idade. Isso significa que quando uma pessoa chega aos 105 anos, ela tem 50% de chance de morrer no ano seguinte, novamente 50% no outro ano e assim por diante. Ou seja, a chance de morrer é muito alta a cada ano, mas fica estável”, explica.
“Se essa descoberta for confirmada, podemos concluir que não existe uma barreira biológica para a longevidade humana. Quando cada vez mais pessoas chegarem aos 105, metade vai chegar aos 106, um quarto aos 107 e assim por diante. Ou seja, é possível de imaginar que no futuro teremos pessoas com 150 anos e talvez 200 anos. Isso não vai valer para nós, mas é uma boa história para contar para os netos. O problema, claro, e como será a vida dessas pessoas cada vez mais longevas”, conclui.
Fonte: CQCS